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Encontro

Hodie, nunc, hoc anno Querido diário,                                                    não sei se você pode me ouvir. Tive um dia estranho. Logo eu, cujos dias costumam ser tão mediocremente normais. Logo eu, tão racional, chego em casa e não posso sequer explicar para o gato coalhado o que vivi. Encontrei-me comigo mesmo. Sim. Meu eu de seis anos atrás, arranhando seu modesto blog de raros leitores, como a escrever artigos literários na revista Orfeu. Lá estava ele... no escuro, bruxuleando à luz das velas. Ele gostava muito de velas. Garoto jovem, sonhador. Romântico, admirava os túmulos e os cemitérios. Amaldiçoado sem saber. Chegava a brilhar de expectativas, de talento, de entusiasmo com o futuro que se lhe abria, ainda sem o amargor do fracasso. Feliz, ele ri cristalinamente, bem encaixado em seu quebra-cabeça, todas as peças no lugar. Nem me reconheceu. Digo, como alguém do passado pode reconhecer seu futuro, torto e desfigurado? É contra as re